segunda-feira, 8 de março de 2010

HIPERTENSÃO MALÍGNA


HIPERTENSÃO MALIGNA (HM)

Definição

Trata-se de uma complicação grave da hipertensão arterial, caracterizada por elevação importante e aguda da pressão arterial, insuficiência renal rapidamente progressiva, retinopatia com exsudatos, hemorragias e papiledema, culminando com a morte do paciente em poucos meses se não tratada adequadamente. Foi descrita em 1914 por Volhard e Fahr, que reportaram os achados anatomopatológicos renais presentes nessa patologia, como a endarterite obliterante e a necrose fibrinóide de arteríolas renais.


Fisiopatologia

A alteração patológica característica (necrose fibrinóide) depende da intensidade de elevação dos níveis pressóricos. Pacientes com hipertensão arterial crônica, portadores de hipertrofia arteriolar, podem ter menos repercussões de órgão-alvo, possivelmente por uma menor transmissão pressórica ao leito capilar glomerular. Nefroesclerose maligna pode causar insuficiência renal, hematúria e proteinúria. A doença vascular renal leva a isquemia glomerular e ativação do sistema renina-angiotensina, resultando em exacerbação da hipertensão arterial. Biópsia renal revela a necrose fibrinóide em arteríolas e capilares, mudanças histológicas que podem ser indistinguíveis de algumas formas de síndrome hemolítico-urêmica.


Diagnóstico

Ocorre mais frequentemente em pacientes com longa história de hipertensão não controlada ou que descontinuam a terapia. Em pacientes brancos, até 80% dos casos de hipertensão maligna são causados por hipertensão secundária, principalmente se a apresentação ocorre antes dos 30 anos (estenose de artéria renal). Em pacientes negros, a hipertensão essencial é a principal causa de hipertensão maligna (82% dos casos). Até recentemente, o termo hipertensão maligna era empregado para designar hipertensão na presença de edema de papila ao fundo de olho, retinopatia grau IV na classificação de Keith-Wagener-Barker. Hipertensão acelerada significava uma gradação menos grave da maligna, com fundo de olho com hemorragias e exsudatos. Atualmente, ambas devem ser consideradas sinônimos, pois essa diferença específica à fundoscopia não representa diferença no aspecto clínico ou prognóstico. Embora papiledema tenha sido considerado a lesão mais severa, a presença de hemorragia ou exsudato também determina um pior prognóstico, devendo-se intervir de maneira semelhante.


Tratamento

Atualmente, o melhor controle da pressão arterial com tratamento anti-hipertensivo eficaz e o conhecimento de novos mecanismos fisiopatológicos têm melhorado a sobrevida desses pacientes. A HM pode ser considerada urgência ou emergência hipertensiva de acordo com a apresentação clínica. Pacientes que se apresentam no PS com PA elevada e retinopatia grau III a IV (antigamente denominada hipertensão acelerada), sem outros sinais de lesão de órgão-alvo (IC, hipertrofia ventricular, instabilidade hemodinâmica ou perda progressiva de função renal) podem ser tratados como urgência hipertensiva. Entretanto, pacientes com sinais evidentes de lesão de órgão-alvo, principalmente IC descompensada e/ou perda progressiva de função renal, devem ser tratados com anti-hipertensivos parenterais, considerando-se o diagnóstico de emergência hipertensiva.

POSTADO POR: Maria Albertina Deodato de Brito em 08/03/2010 às 22:11

REFERÊNCIA: www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1459/crise_hipertensiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário